Hermenêutica no mundo antigo
SLIDE
- A
universalidade da hermenêutica surgiu apenas com a modernidade, no séc.
XVII, quando surgem as primeiras formas de interpretação pragmática.
- A hermenêutica é uma teoria de interpretação.
- A interpretação somente surge quando um sentido estranho se mostra na linguagem
A universalidade quer dizer que ela não era
uma teoria científica, isso só foi acontecer na modernidade.
Universalidade é no sentido estrutural, vai na estrutura da linguagem,
para que haja comunicação entre os seres deve ter uma estrutura
universal que faça com que haja compreensão entre os homens, e a
hermenêutica ainda não tinha essa característica. A escola da alegorese
surgiu na Grécia para interpretar algo bem específico, só servia para
aquilo.
No sentido restrito, hermenêutica é um processo
racional de interpretação, utiliza recursos teóricos para ajudar na
interpretação de algo, parte do pressuposto quando algum sentido
estranho surge na palavra.
SLIDE
Revelação -> oculto -> velado
O sentido não é mostrado a priori, não deixa claro, a princípio, o que ela quer dizer, é uma busca do sentido, algumas pessoas podem olhar e dizer que não entendem a figura, mas pode-se começar a investigar a imagem em busca de descobrir. A imagem é um recurso para interpretar a si mesmo. É por isso que a interpretação tem um caráter pessoal.
Noções gerais
- Mundo antigo e conhecimento mitológico: verdade e mistério
- Egito e Mesopotâmia:
-- hermenêutica e hermetismo: a ciência dos iniciados
-- ocultismo e os escritos obscuros ao não iniciado
- Oráculo: interpretação da mensagem divina
- Platão: sobreposição entre ideias e palavras
- Aristóteles: "peri ermeneias" (da interpretação)
-- o processo de conhecimento: abstração de dados sensíveis
-- hermenêutica é derivada da lógica
Anotações:
Para que alguém tivesse acesso ao conhecimento tinha que passar por
um percurso de amadurecimento hermenêutico, para poder compreender.
Apenas
um círculo tinha acesso à certos conhecimentos, no Egito só os
iniciados podiam desvelar o sentido oculto, pois eles tinham as
palavras-chave para revelar aquele texto, a maior parte dos textos
religiosos eram obscuros para que o vulgo não tivesse acesso ao
conhecimento.
Hermetismo está muito ligado a uma questão ética.
Na Grécia tinha a figura do oráculo, que interpretava as mensagens dos deuses, era sua grande função.
A filosofia platônica surgiu a partir do logos, as interpretações platônicas são racionalistas, interpretações do logos. Logos vem de "ligante", é alguma coisa que une, logos
é um instrumento que relaciona palavras e letras para produzir um
sentido. Junta-se uma palavra a outras gerando um sentido. Logos
é o pensamento articulado em palavras para produzir um sentido. A partir
do pensamento e da linguagem produz sentido para explicar o mundo.
Aristóteles escreveu o livro Peri ermeneias, que descreveu regras de
interpretação baseadas na lógica formal, silogismo, ou seja, análise
retórica dos argumento. É um dos campos da hermenêutica. Desde o início
da antiguidade clássica existia ligação entre hermenêutica e lógica. Essa produção de sentido alcança o patamar mais alto na busca da eletheia = verdade.
Os discursos do mundo antigo
SLIDE
- O discurso mitológico: a linguagem mitológica remete o sujeito ao mundo dos deuses
- A palavra tinha
-- um sentido manifesto
-- um sentido oculto
- A busca pelo sentido oculto, implica na busca existencial do sujeito pela verdade
- A verdade jamais é dada, mas antes implica numa "saga heróica" do sujeito
- A busca pelo sentido da vida e dos fenômenos.
- A palavra tinha
-- um sentido manifesto
-- um sentido oculto
- A busca pelo sentido oculto, implica na busca existencial do sujeito pela verdade
- A verdade jamais é dada, mas antes implica numa "saga heróica" do sujeito
- A busca pelo sentido da vida e dos fenômenos.
Anotações:
O sentido oculto implica em uma busca da existência do sujeito.
A verdade é uma construção de sentido, e você busca aquele sentido que melhor se adeque.
A interpretação não desvela o objeto, mas sim o sujeito.
A verdade é uma construção de sentido, e você busca aquele sentido que melhor se adeque.
A interpretação não desvela o objeto, mas sim o sujeito.
- O discurso poético:
- A fala do Aedo
-- artista que cantava as epopéias, acompanhado por um bardo (sm (lat bardu) 1 Poeta heróico ou lírico entre os celtas e gálios. 2 Trovador)
-- poetas contadores de histórias que peregrinavam pela Grécia
-- possuíam o dom divino de poder interpretar a história passada e contá-la, repassando as honras antigas.
-- o poeta, o sábio e o profeta
.....
- A fala do Aedo
-- artista que cantava as epopéias, acompanhado por um bardo (sm (lat bardu) 1 Poeta heróico ou lírico entre os celtas e gálios. 2 Trovador)
-- poetas contadores de histórias que peregrinavam pela Grécia
-- possuíam o dom divino de poder interpretar a história passada e contá-la, repassando as honras antigas.
-- o poeta, o sábio e o profeta
.....
Bardo era um contadores de histórias, tinham função social importantíssima.
Era um tipo de discurso junto com o mitológico, que explicava a realidade.
SLIDE
Os sofistas
- Surgimento
-- fim da monarquia e início da democracia
-- substituição da lei divina pela lei humana
- Surgimento
-- fim da monarquia e início da democracia
-- substituição da lei divina pela lei humana
- Retórica e oratória
-- aumento da participação popular nos rumos políticos
-- relativização da verdade no discurso.
-- aumento da participação popular nos rumos políticos
-- relativização da verdade no discurso.
- Não acreditavam na existência de nada absoluto
- Protágoras: "o homem é a medida de todas as coisas"
-- o homem dá valor as coisas, interpretando-as.
- Protágoras: "o homem é a medida de todas as coisas"
-- o homem dá valor as coisas, interpretando-as.
A utilização da palavra é uma forma de dá
sentido ao mundo, existia várias institucionalizações das palavras,
falamos do mítico e do poético.
Os sofistas tiveram conhecimentos de
outras culturas, viajaram para além do território grego, viram outras
culturas.
Os sofistas usavam o conhecimento para relativizar a verdade que o povo dava aos discursos.
Eles iniciaram o processo de dessacralização da palavra, a partir
da sua utilização sem compromisso com a verdade e da perda do compromisso
na manutenção dos relatos míticos, e ainda utilização da palavra como
elemento persuasivo.
O pocesso de dessacralização da palavra
- Peithô
-- persuasão: a utilização da palavra para a sedução (dominação) do outro
-- a palavras enquanto forma de poder (compelir alguém a realizar algo)
- Peithô
-- persuasão: a utilização da palavra para a sedução (dominação) do outro
-- a palavras enquanto forma de poder (compelir alguém a realizar algo)
O surgimento da filosofia
- Aletheia e a busca metódica do saber racional.
Na Grécia eles não utilizavam a hermenêutica
para solução de casos jurídicos, quem vai utilizar isso é a
jurisprudência romana, os gregos tinham um intuito de interpretação puramente existencial. Foram os romanos quem aplicaram nos aspectos práticos.
Até que surge a filosofia (como um novo discurso), e na
hermenêutica tem uma proposta interessante: que a filosofia é mais um
discurso filosófico que utiliza a palavra para explicar o mundo.
A hermenêutica analisa os discursos para tentar compreender os sentidos atribuídos ao mundo.
SLIDE
O discurso filosófico
- Parmênides: peri physeos - a natureza se esconde
- Conceito: doxa - "desvelamento" - aletheia
- Conceito: doxa - "desvelamento" - aletheia
- O mais importante é o processo de desvelamento
- O desvelamento se dá pelo método da não-contradição.
- O desvelamento se dá pelo método da não-contradição.
O discurso filosófico é um discurso que busca explicar o mundo, é mais um saber para explicar o mundo, a linguagem é o único instrumento
que o homem tem entre ele e o mundo.
A linguagem é o único instrumento que o homem tem para interpretar o
mundo: linguagem-sujeito-mundo.
A linguagem possui processo de
revelação pelo qual se tenha descodificar o mundo. O grande compromisso
da filosofia enquanto discurso é buscar a essência dos objetos,
o 'ser' do objeto. Necessariamente a apreensão da essência dos objetos
passa pela linguagem, por um processo de revelação. A partir do momento
que se tem um mundo, tem-se um sistema teórico para explicar o mundo. O
discurso é um sistema de criação de sentidos.
________________________________________________
Bibliografia indicada pelo professor Ronaldo:
Jean Grodin - Introdução à hermenêutica filosófica, páginas 23 a 157.
Luiz Alfredo Garcia Roza - palavra e verdade
Luiz Alfredo Garcia Roza - palavra e verdade
Aula 01/08/2013 - Hermenêutica Jurídica, Prof. Ronaldo Alencar, com anotações de Régia Carvalho
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário!