Dannhauer
Teoria geral da hermenêutica criada por Dannhauer, ele encontra elementos
que tornam um vão conhecimento como o científico na hermenêutica, é a
tentativa da universalização de uma teoria hermenêutica. Então Dannhauer
coloca a hermenêutica como sendo uma ciência propedêutica, pois o que
se espera de uma ciência propedêutica é que ela sirva como base para
todas as outras ciências.
A hermenêutica trabalha com elementos
de outros conhecimentos, sem ter um campo próprio, uma via só de si
mesmo, então Dannhauer foi o primeiro a criar uma teoria geral da
hermenêutica e o termo 'hermenêutica'. Ele mostrou que a hermenêutica
tem um campo próprio.
O que podemos universalizar dentro da hermenêutica é a linguagem. Dannhauer
vai estabelecer no campo da linguagem a hermenêutica, ele vai colocar a
linguagem como caráter universal na hermenêutica, e é justamente no
campo da linguagem que se encontra os elementos de universalização a
hermenêutica, pois a linguagem não é estática, é dinâmica.
Podemos dizer que Renata utiliza a língua portuguesa, e podemos dizer
que a sua comunicação com outras pessoas acontece porque essa língua
portuguesa também está estabelecida sob o domínio da língua, que é
universal.
Existem diversos recortes dentro da linguagem:
código linguístico português, existe um recorte dentro do português com
todas as gírias, o chamado 'dito' ou a forma de como se apropria da
linguagem a partir do pensamento. A maneira de um pessoa falar é como se
fosse a própria digital, retira-se do universal e leva para o
particular.
Então existem três campos interessantes: o da linguagem, que é o momento objetivo, o pensamento, que é o momento subjetivo e a palavra ou o dito (a usa impressão digital, o seu modo de falar).
Como é que se chega a isso? pelo método aristotélico, a decomposição
analítica, que é a busca por exaurir os sentidos de uma palavra, com o
intuito de alcançar o sentido pensado.
O mais importante
em Dannhauer é a tentativa da universalidade e a definição da linguagem
ser o próprio objeto da hermenêutica.
Existe a questão
das diretrizes que tenta encontrar a intenção do autor, essa perspectiva
de Dannhauer é baseada na lógica aristotélica e principalmente no livro
Peri hermeneas.
Aristóteles desenvolve no Peri hermeneas a questão dos topois, digamos assim, dos scopos
de interpretação, que permitem se alcançar a intensão do autor, que é a
grande busca do interpretador. Então para isso não se vai para um
método subjetivista (contexto histórico e outros) vai para a estrutura
da argumentação, isso é basicamente o lógico.
Chladenius vai trabalhar a universalidade pedagógica. Se Dannhauer foi o primeiro a criar a teoria geral da hermenêutica [objeto e universalização], Chladenius vai delimitar o objeto que já foi delimitado por Dannhauer. Chladenius separou dentro da ciência os que trabalham com a linguagem em áreas como a gramática, a filologia, para verificar se a hermenêutica tem seu campo próprio.
Chladenius delimitou pela distinção científica e pelos tipos de obscuridade, e distribui as obscuridades que cabem ao gramático, as que cabem ao filólogo e as do hermeneuta.
Afirmava que a interpretação lógica não é hermenêutica. E redefine:
- Separação para com o método lógico
- Delimitação do campo de estudo
- Delimitação do campo de estudo
O hermenêuta atua onde existe algum tipo de obscuridade que ele possa resolver, não somente com a linguagem.
A obscuridade também é um termo muito genérico, então temos o campo da lógica, da gramática e da filologia. O hermenêuta vai trabalhar com outro tipo e obscuridade, e essa é a exceção. E para delimitar o campo de estudo da hermenêutica se faz necessário a identificação dos tipos de obscuridade.
Para Chladenius, a obscuridade não está no texto, na teoria, mas sim no intérprete, é a falta de conhecimento de fundo do intérprete que gera a obscuridade. E a função da hermenêutica é dar o conhecimento necessário para que o intérprete possa interpretar.
Imagine nas traduções modernas do Bagavadguitá. Já imaginou reconstruir o
sentido histórico do texto milenar? esse sentido obscuro quem vai
trabalhar é o filólogo. Não é o hermenêuta.
- Gramática
Existe a obscuridade que vai ser trabalhada pelo gramático. Eles vão trabalhar tipos de obscuridades diferentes. Mas a hermenêutica só quem resolve é o hermenêuta. Todos tem métodos específicos. O hermenêuta não trabalha com estrutura do texto, nem ao sentido perdido da palavra.
Se não tiver conhecimento do conceito necessário para entender a obra isso gerará obscuridade.
Método lógico - Dannhauer
Conhecimento de fundo - Chlaudenius
Clavis - Matias Flacius
Conhecimento de fundo - Chlaudenius
Clavis - Matias Flacius
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RECORTES: GRONDIN (tradução de Benno Dischiger), Introdução à hermenêutica
HERMENÊUTICA ENTRE GRAMÁTICA E CRÍTICA
Dannhauer: verdade hermenêutica e objetiva
Dannhauer foi deixado de lado na historiografia da hermenêutica.
Artigos
de enciclopédias apresentavam-no como aquele que, por primeira vez,
empregara a palavra hermenêutica no título de um livro, mas a relevância
de Dannhauer vai muito além disso, Hasso Jaeger demonstrou já em 1629
que Dannhauer tinha cunhado a neocriação hermenêutica, mas também que,
já considerara o esboço de uma hermenêutica universal sob o título de
uma hermenêutica generalis.
A
ideia de tal hermenêutica foi desenvolvida no curso de uma busca por
uma nova metodologia das ciências desvinculada da escolástica. Dannhauer
encarrega-se de mostrar que na propedêutica deveria existir uma ciência
universal do interpretar. Introduz essa ideia por um silogismo: Tudo o
que pode ser sabido possui qualquer ciência filosófica correspondente.
Dannhauer imagina uma hermenêutica universal, a ser elaborada a partir
do solo da filosofia, a qual deveria permitir às outras faculdades
(Direito, Teologia, Medicina), interpretar, segundo o seu significado,
afirmações propostas por escrito. Nesta época, germinava a ideia de que
todos os ramos do saber tinham a ver com a interpretação, sendo esta
principalmente de textos, isso relacionava com a difusão da arte de
imprimir.
Dannhauer desenvolveu uma 'hermeneutica generalis'
de maneira paralela e como complementação da tradicional lógica da
metodologia aristotélica (Organon). A palavra 'hermènêia' sugeria um
processo de interpretação que era concebido como "analítico". A análise
consistia na recondução da elocução ao seu sentido pensado. A elocução é
sempre a vocalização de um sentido pensado. A lógica tinha a tarefa de
recondução das elocuções ao seu significado lógico. Como a lógica, a
hermenêutica se ocupa com a mediação de uma verdade, para rebater o que é
falso. A análise da lógica se preocupa em garantir a verdade objetiva
do sentido pensado, e a hermenêutica se contenta estabelecer o sentido
pensado como tal, independente de ser verdade ou falso.
Dannhauer se apóia no título 'Peri hermeneias',
para formar a palavra hermenêutica. A palavra 'hèrmenêia' nada mais
expressa do que uma mediação e vocalização de sentido. Antes de se
investigar sobre sua verdade objetiva, em passagens problemáticas a
hermenêutica é chamada para esclarecer o que um autor queria dizer
(verdade hermenêutica). Dannhauer define o intérprete como o analista de
todos os discursos, enquanto eles são obscuros e contudo "exponíveis"
(ou interpretáveis), para separar o sentido verdadeiro do falso.
Chladenius: a universalidade do pedagógico
Escreveu
'Introdução para a correta interpretação de discursos e escritos
racionais' (1742). Abriu novos horizontes para a hermenêutica filosófica
que aponta além da problematização puramente lógica de Dannhauer. A
hermenêutica geral ou doutrina da interpretação é simplesmente
desvinculada da lógica e estabelecida ao seu lado, como o outro grande
ramo do saber humano. Os doutos escrevem o que pensam, e expõem o que
outros pensaram antes dando explicações, isto é, eles interpretam.
Como
é comum na tradição da hermenêutica, as frases ou passagens obscuras
constituem o objeto da arte de interpretação. Novo é que a hermenêutica
deva ocupar-se não de todas as passagens obscuras, mas apenas com um
tipo especial das mesmas. É que há obscuridades que fogem da competência
do hermeneuta. Chladenius apresenta uma rigorosa divisão das possíveis
obscuridades.
1. A obscuridade
pode surgir com mais frequência de uma passagem editorialmente
deteriorada. Afastá-la é tarefa da crítica e de sua 'ars critica'. Crítica
foi o nome da ciência filológica, que se ocupava com a edição, melhoria
e correção de escritos mais antigos. Em seu Museu das Ciências da
Antiguidade, que é significativo para a fundamentação da filologia
clássica, F.A.Wolf designara a gramática, a hermenêutica e a crítica
como conhecimentos auxiliares que constituem o Organon das clássicas
ciências da Antiguidade. Aparentemente, a crítica deveria ser
uma mera ciência factual. Deveria ser constatada a situação de um texto
antes que ele fosse submetido a uma interpretação baseada na
hermenêutica. À bipartição entre hermenêutica e crítica no século 19,
precedeu, no séc 18, a tripartição entre gramática, hermenêutica e
crítica. Todas as três atuam como ciências introdutórias, já que se
referem às regras que cada uma deve dominar para explicar memoriais
escritos.
2. A obscuridade pode
provir "de uma insuficiente introspecção na linguagem pela qual foi
estruturada a obra". Onde a linguagem não é suficientemente dominada,
realmente não há nada para interpretar. Nem a obscuridade de passagens
deturpadas, nem a do insuficiente conhecimento linguístico pertencem ao
domínio de competência da hermenêutica.
3.
A terceira forma de obscuridade que também se encontra fora da
abrangência da hermenêutica são as passagens ou palavras que "em si
(são) formuladas ambiguamente".
A
obscuridade, para a qual está direcionada a competência hermenêutica, é
que "Acontece incontáveis vezes, que também não se entendam aquelas
passagens, onde nenhuma dessas três obscuridades podem ser encontradas:
alguns leitores podem não avançar numa obra filosófica, embora não lhes
faltem conhecimentos da linguagem, e nem o livro seja concebido de forma
ambígua...".
Essa obscuridade, que Chladenius aqui menciona, é a dos insuficientes conhecimentos de fundo.
A
hermenêutica deve ocupar-se com as passagens que "não são obscuras por
nenhuma outra razão, a não ser porque os conceitos e o conhecimento, que
são necessários para sua compreensão, ainda não foram obtidos". Chladenius
chega à sua definição pedagógica: "Interpretar é, por isso, nada mais
do que aduzir aqueles conceitos, que são necessários para a plena
compreensão de uma passagem."
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- Referência
- Aula 03/09/2013, Hermenêutica Jurídica, Profº Ronaldo Alencar, com anotações de Régia Carvalho
- Leia mais
Bons estudos!
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